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sábado, 30 de janeiro de 2016

Ritmos brasileiros - Definição e forma

Para efeito de curiosidade e para tentar fazer cessar o persistente erro na utilização do termo “moda de viola” para tudo o que diga respeito às antigas músicas sertanejas, vamos a alguns exemplos de ritmos e suas nomenclaturas.
1) Canção Rancheira – ou simplesmente Rancheira, como alguns costumam utilizar. É um ritmo bem parecido com a valsa, o que fez com que alguns inclusive se acostumassem a se referir a ele como “valsinha” ou mesmo “valsa”. Um grande exemplo desse ritmo é a música “Estrada da Vida”, que você ouve abaixo.
2) Guarânia – é bom tomar cuidado com a utilização do termo “guarânia”, afinal o mesmo ritmo pode apresentar variações na velocidade, o que já o torna um outro ritmo, como vocês poderão ver logo abaixo. Um grande exemplo de guarânia é a música “Amargurado”.
3) Polca – ou Polca Paraguaia, dada a influência da música paraguaia neste ritmo sertanejo. A grosso modo, é uma guarânia bastante acelerada. Um bom exemplo é “Vá pro inferno com seu amor”.
4) Rasqueado – Facilmente confundido com a polca, a diferença básica entre os dois ritmos está na pegada com que se toca. A diferença é mais facilmente percebida quando se ouve o contrabaixo nos dois ritmos. Um bom exemplo é a música “Coração de Pedra”, da dupla Milionário & José Rico.
5) Moda Campeira – Outra variação da guarânia, que rigorosamente tem apenas a velocidade como diferença. A música “Saudade da Minha Terra” é uma canção neste ritmo.
6) Huapango – Uma variação menos conhecida e pouco utilizada da guarânia. Um dos poucos exemplos é a música “Do mundo nada se leva”.
7) Bolero – Um dos ritmos que ainda é comumente utilizado na música sertaneja, claro que com uma certa variação com relação às versões mais antigas. A música “Me mata de uma vez” é um bom exemplo.
8) Xote – Uma das que hoje em dia, pelo menos na música sertaneja, já é enquadrada apenas num grande grupo de ritmos, o “forró”, que na verdade é bem mais específico do que se pensa. A música “Bobeou… a gente pimba” é um exemplo.
9) Toada – Um ritmo mais choroso e emocional, característico de músicas com declamação. Um bom exemplo é a canção “Couro de boi”.
10) Cururu – Praticamente um ritmo precursor do “pagode” criado pelo Tião Carreiro, mas tocado com menos detalhes, de uma forma mais simplificada. A música “Canoeiro” é um bom exemplo deste ritmo.
11) Cateretê – Bem parecido com o cururu, mas um pouco mais detalhado. Não tanto quanto o pagode, claro. Um bom exemplo é a música “Moda da Mula Preta”.
12) Pagode – Criado pelo Tião Carreiro, o ritmo mais conhecido de viola, caracterizado pelos recortados entre os versos das músicas. “Pagode em Brasília”, como o próprio nome ressalta, é um dos grandes exemplos.
13) Fox – Outro ritmo pouco utilizado na música sertaneja. Tem como bom exemplo a canção “Inversão de Valores”.
14) Balada – Este ritmo já faz parte de uma geração mais recente de ritmos sertanejos. O clássico “É o amor” é um ótimo exemplo.
15) Country – Apesar de se perceber na música sertaneja uma influência da música country, o único ritmo reconhecidamente country da música sertaneja é este, que pode ser ouvido em músicas como “Ela Chora, chora”.
16) Vanerão – Um dos ritmos precursores dos ritmos mais comumente utilizados hoje em dia. Caracterizado pelo caráter mais “dançante”. Um bom exemplo é a música “Paixão Goiana”.
17) Moda de Viola – Como dito acima, é caracterizada pela viola solada acompanhando a melodia das vozes. A música “O Rei do Gado” é um bom exemplo.
Listei nada menos que 17 ritmos sertanejos comumente utilizados antigamente. E olha que ainda faltou um monte nessa lista. Há cerca de 20 anos, no entanto, a utilização da nomenclatura, como eu já disse, foi caindo em desuso. O resultado é o que vemos hoje: uma confusão gigantesca de ritmos. Tem gente que toca vaneirão achando que está tocando pagode de viola, ou que sequer sabe o nome daquilo que está arranhando no violão. Fora que hoje em dia ninguém tem um nome correto para o que é tocado pelos novos artistas sertanejos.
Já ouvi chamarem essas baladinhass universitárias de “baladas pop”, “shakundun, “universitárias”, e de mais uns 3 outros nomes. Além disso, convencionou-se chamar de forró ou de vaneira tudo o que é música dançante tocada com a mesma batida. E, pior, chamam de “moda de viola” tudo o que é clássico sertanejo. Mesmo que não tenha nenhuma viola na gravada na música!!!
A intenção deste texto não é fazer voltar a já morta e enterrada nomenclatura de ritmos sertanejos. O que falta é, óbvio, uma preocupação dos artistas e de quem divulga a música sertaneja pela história e teoria do segmento. Como eu já ressaltei aqui várias e várias vezes, o conhecimento daquilo que se canta é o mínimo que se cobra de qualquer artista sertanejo que se preze.

Retirado de: http://blognejo.com.br/nem-tudo-o-que-e-antigo-e-moda-de-viola/
 

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